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NOTÍCIAS

01/03/21

Casas "quentes": como amenizar ou prevenir?

A previsão de mais dias quentes do que frios nos faz repensar a casa

Joyce Diehl

 

Tem sido notável na maioria das cidades brasileiras verões escaldantes. E nem sempre só na estação mais quente do ano. E o que mais se procura são casas e escritórios que se mantenham mais frescos – e bem além a refrigeração. Um pane e literalmente torramos. O que pode ser feito para amenizar esse risco?

Nem sempre os espaços são projetados levando em consideração as características climáticas locais e os aspectos de otimização do conforto para uma residência, fazendo com que alguns ambientes se tornem verdadeiros fornos nos períodos mais quentes do ano. Tanto que interferem até no valor imobiliário. Aqui no Brasil, um imóvel voltado para o Norte, por exemplo, pode ter valor 10% a mais, sendo considerado saudável praticamente o ano inteiro - inclusive no inverno, pelo posicionamento dos raios solares em ângulo mais agudo, garantindo luz quase o dia todo. Isso até construírem um outro prédio ao lado, claro.

Um imóvel – ou partes dele -  com incidência solar podem melhorar a prevenção de mofo e umidade (que interferem na pintura, além de mal-estar a todos que usem o local, principalmente respiratórios), além de garantir conforto térmico. Como se sabe, o sol matinal é mais benéfico, principalmente em quartos que, preferencialmente, devem estar nas faces leste e norte, garantindo luminosidade e calor na medida certa.

Já o “sol da tarde” é puro calor – o que pode ser benéfico em regiões muito frias – ou áreas de serviço, quem sabe. Vale lembrar que a incidência direta de sol reduz a vida útil dos eletrodomésticos, mobiliário, cortinas, e tapetes, entre outros. E aumentar consideravelmente o consumo de energia com refrigeração. Uma saída é apostar em vidros com filtro, películas e outros acabamentos, como persianas e/ou ripados (se puderem ser controlados, melhor ainda). E até plantas.  

Que tal outras dicas?

 - Em imóveis prontos, visite várias vezes em horários diferentes para “sentir” o sol; em imóveis a construir, analise para ver se o projeto contempla esses detalhes;

- A escolha de materiais interfere. Desde o telhado - a  escolha de telhas (dependendo do material, da cor - pintar de branco traz bons resultados. Ou fazer a escolha certa: existem produtos que prometem uma reflexão do calor de até 90%), o uso de mantas e forros específicos pode aumentar ainda mais o resultado; o próprio beirado bem pensado protege as fachadas e esquadrias e auxilia nesse controle;

- Nesse mesmo pensamento, pergolas com plantas trepadeiras, fazendo as vezes de beirados, protegem as paredes externas e esquadrias do sol. Use sem moderação nas fachadas que peguem o sol da tarde;

-  Os revestimentos cerâmicos – notadamente os claros e brilhantes - também dão sensação de frescor. Fuga dos revestimentos escuros ou com efeito de madeira, pois “aquecem” -  psicologicamente falando -  sendo mais indicado para espaços frios;

- Cores de tintas claras – efetivamente o branco ou off white - refrescam a fachada e os espaços internos (além de darem a sensação de amplitude). Mas, tome cuidado: no interior, o branco absoluto pode trazer mais sensação de calor se refletirem demasiadamente a luz dentro do espaço;

- Coberturas verdes são uma ótima escolha para o conforto térmico, além de ajudar na manutenção da biodiversidade. Pede materiais e mão de obra especializados. Ou o uso de plantas mais densas protegendo as fachadas mais quentes ou a construção de pergolados que façam as vezes de beirados, com trepadeiras também reduzem a temperatura. Se forem do tipo caducas (perdem as folhas no outono, deixando a casa a respirar). Aliás, um jardim bem pensado – que pode ser até de vasos numa sacada -  sempre trazem frescor; 

- Mesmo resultado quando se pensa em jardins internos - verdadeiros oásis no meio das casas. Charme à parte, trazem luminosidade e melhoram a ventilação da casa como um todo;

- A proteção das esquadrias das fachadas mais quentes com o uso de persianas, brises ou outros detalhes em materiais não condutivos de calor (madeira, bambu) unem beleza e controle da luz/calor; a má escolha deles pode agravar ainda mais o resultado;

- A própria escolha entre alvenaria convencional (tijolos de barro) e blocos de concreto podem ajudar; cada um tem sua resposta térmica a ser levada em consideração;

No mais, aposte na iluminação com LED, que não produzem calor, nas fontes ou potes com água pela casa, em tecidos naturais em estofados e cortinas e use e abuse das portas e janelas abertas à noite sempre que possível.

Se vai construir, um projeto bem pensado, como já falamos por aqui. Que tire partido da ventilação e iluminação naturais (quem sabe um jardim interno para refrescar a casa), da posição da casa no terreno -  não só em relação a posição do sol nas diversas estações, mas do devido afastamento do vizinho para que haja insolação e ventilação apropriadas entre as casas. E, claro, apostar em um paisagismo de resultado, que ajude nessa melhoria dos espaços -  e não apenas de aparência. Sua casa e sua saúde agradecem.  

 

Joyce Diehl, arquiteta com especialização em branding, para a Embraconi.